quarta-feira, 20 de abril de 2016

Fim de Semana no Parque Nacional de Itatiaia - RJ

O post de hoje é uma colaboração do nosso amigo James Vaccari, que viajou para Itatiaia - RJ. Esperamos que gostem deste relato!

Conheci o Parque Nacional de Itatiaia em 2006 durante um curso de montanhismo.
Foi o primeiro parque "Parque Nacional", decretado pelo ex-presidente Getúlio Vargas, em 14 de junho de 1937.
Fica mais ou menos entre Itatiaia e Resende, no Rio de Janeiro e Itamontes, em Minas Gerais. O parque é dividido em parte alta, preferida por quem vai escalar ou caminhar; e parte baixa, que tem um centro de visitantes mais aparelhado, cachoeiras, área para piquenique, etc. Desta vez, escolhemos a parte alta.

Saímos de São Paulo em uma sexta à noite, em meados de setembro do ano passado, e percorremos os 274 km de distância até o parque para passarmos o fim de semana caminhando pela parte alta. O parque tem horários de entrada e saída diferentes na parte alta e baixa, e que podem variar conforme a atividade proposta. Algumas trilhas tem horário máximo de entrada e horário máximo de retorno (veja mais informações no site do ICMBio). É um controle que pode vir a ser útil, por questões de segurança. Caso você tenha problemas e não volte no horário, os guardas do parque são acionados para busca.

A parte alta do parque disponibiliza um abrigo para pernoite, o Abrigo Rebouças, ou área de camping. Não tem banho quente e calefação (estes recursos estavam em manutenção quando fomos em setembro), mas é um hotel “milhões de estrelas”. Esteve um tempo sem sistema de reservas, porém agora (maio de 2016) já está recebendo reservas novamente.

Abrigo Rebouças

Chegamos de madrugada ao Hostel Picus (reservas via Booking.com), onde o Felipe, proprietário e guia da região, nos recebeu com toda hospitalidade e simpatia apesar do horário avançado. O Picus fica a 5 km da estrada para a portaria da parte alta do parque, e é uma opção econômica na região.

No sábado fomos para o parque, onde a ideia era fazer uma caminhada leve até a Pedra do Altar, voltar à portaria e pegar outra trilha até o Morro do Couto. Mas, como dormimos um pouco além do planejado, o guarda nos informou que se não voltássemos até às 14h do Altar, não seria possível seguir para o Couto.

Resolvemos tentar, mas sem pressa, porque a ideia era uma caminhada mais contemplativa, tirar fotos, deixar o ritmo da natureza nos guiar. E a natureza com seu próprio tempo, nos apresentou o sapo-flamenguinho, símbolo do parque, algumas vezes (o que nos fazia queimar alguns megas de fotos e algum tempo esperando pelos sapos fazerem as poses mais expressivas).

A natureza também nos apresentou diversos pássaros, fazendo jus à fama de importante local para observação de aves.

Ainda em estado de contemplação, avistamos o Pico das Agulhas Negras, a montanha mais alta do Rio de Janeiro, e a quinta mais alta do Brasil, com seus 2791 metros de altitude. Impossível não parar para apreciar a vista a cada metro.

Agulhas Negras


Já havia subido algumas vezes o Agulhas, mas nunca tinha feito a trilha da Pedra do Altar.
Nesta trilha, provavelmente, é a melhor vista que se pode ter do Agulhas Negras.
A caminhada pela trilha é fácil, a elevação não é abrupta, e apesar de atingir 2665 metros no topo, é bem tranquila.

Pedra do Altar


No topo comemos um lanche, papeamos, nos parabenizamos, descansamos, e entre uma foto e outra avistei um lobo-guará na trilha abaixo! Mesmo de longe, é o tipo de coisa que arrepia os pelos da nuca, e um prêmio, porque é um animal em extinção e é o mais típico do cerrado. É um sentimento difícil de descrever avistar um animal desses na natureza, sem uma grade em volta e curtindo a vida. Um misto de respeito e admiração, pelo menos pra mim.

O lobo


Voltei satisfeito, mas tivemos que mudar os planos. Já passava das 14h e não seria possível seguir até o Morro do Couto. Então descemos até a Cachoeira da Flores, passando pelo Abrigo Rebouças, em direção ao Maciço das Prateleiras (2539 metros).

Passamos os restante da tarde na cachoeira, descansando. E saímos do parque às 17h, que é o horário de fechamento e saída das trilhas.



No dia seguinte voltamos e fizemos a trilha do Morro do Couto. Duas horas de subida, um pouco mais íngreme, começando logo após a portaria do parque e passando pela antena que dá pra ver dali. Depois de chegar à antena, o caminho fica um pouco mais confuso, passando por alguns trepa pedras (cordas estrategicamente colocadas para escalar pedras), o que exige um pouco mais de atenção para encontrar o caminho. Essa trilha foi recentemente estendida até o Maciço das Prateleiras e chegando cedo, dá para concluir.

Maciço das Prateleiras


Logo depois do almoço começou a ventar mais forte, chuviscar, e baixou um nevoeiro de filme de terror, para nos lembrar que a natureza também tem aquela hora que não quer mais saber de visitas.

Nos despedimos, agradecemos, voltamos com o espírito renovado e a promessa de voltar em breve.


James Vaccari é diretor de arte e designer enquanto não viaja. Quando está viajando se mete a fotografar o que vê e a desenhar uma coisa ou outra. Prefere viajar pra onde as pessoas normais se preocupariam com banho e banheiro, e gosta de andar muito. Também é instrutor de montanhismo e escalada.


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