sexta-feira, 22 de maio de 2015

Voe de graça com a FAB (Força Aérea Brasileira)

"Viajar" + "de graça" são dois termos que se aplicados na mesma frase podem levar qualquer um à loucura. Vamos reunir em posts algumas maneiras de viajar de graça: seja não pagando hospedagem, transportes ou passagem aérea.
No post de hoje, confira como você pode voar de graça nos aviões da Força Aérea Brasileira.


Crédito: Wikipedia/Renato Spilimbergo Carvalho


Qualquer cidadão brasileiro pode usufruir dos aviões do nosso exército. E isso não exige que você seja político, muito menos militar.

Para conseguir essa boquinha, você precisa saber de antemão que, claro, não é tão simples quanto viajar por uma empresa aérea civil. Há uma lista de espera e vezes que um voo para o local desejado não esteja no programa ainda. Exige tempo, já que não se sabe certamente o dia de embarque até a hora de confirmarem o seu espaço no voo, além de uma dose de paciência. Se você tem os dois, ótimo!

O tipo de avião varia entre estilo jatinho (jato C99), turbo-hélice bandeira e até cargueiro. Por isso, não crie expectativa de conforto, nunca se sabe qual aeronave você pode pegar.

A viagem pode ser feita em todo território nacional, por meio de inscrição no Correio Aéreo Nacional (CAN) da localidade onde deseja embarcar. Verifique antes por telefone os dados e documentos exigidos na inscrição. Por telefone você também pode conferir com o atendente se o destino desejado é uma rota realizável para a FAB.
Os telefones do Correio Aéreo Nacional de cada região são:

Região Sul:
Florianópolis/SC - (48) 3229-5021
Canoas/RS - (51) 3462-5166
Santa Maria/RS - (55) 3220-3309

Região Sudeste:
São Paulo/SP
- (11) 2465-2038 / 2465-2039
Pirassununga/SP - (19) 3565-7025 / 3565-7205
Rio de Janeiro/RJ – (21) 2138-4020 / 2138-4205 / 2138-4212

Região Centro-Oeste:
Brasília/DF
- (61) 3365-1002
Campo Grande/MS - (67) 3368-3126

Região Norte:
Belém/PA
- (91) 3182-9327
Boa Vista/RR - (95) 4009-1036
Manaus/AM
- (92) 2129-1729
Porto Velho/RO - (69) 3211-9722 / 3211-9725

Região Nordeste:
Fortaleza/CE
- (85) 3216-3195
Natal/RN - (84) 3644-7135 / 3644-7136
Recife/PE - (81) 3322-4182 / 3461-7653
Salvador/BA - (71) 3377-8225

Não há limite de quantidade de voos, ou seja, você pode usufruir desse direito sempre. Para mais informações, acesse o site da FAB.

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Dicas: como fazer um roteiro de viagem



Pode parecer simples, mas decidir o roteiro é a parte mais trabalhosa de uma viagem. Escolher para onde você vai, por quantos dias, onde se hospedar, e no final fazer com que tudo isso faça sentido não é fácil. Mas é super possível fazer isso sozinho sem precisar contratar os serviços de alguma agência. O objetivo de um roteiro não é engessar a sua viagem, mas sim orientar e otimizar o seu tempo. As dicas que contamos aqui são baseadas nas nossas experiências pessoais em viagens ao longo dos anos.
Saiba que não existe nenhuma regra na hora de organizar uma viagem, vale adequar estas dicas (e outras que achar conveniente) ao seu perfil e criar o seu jeito próprio de fazer roteiro. São muitas opções, muitas decisões, muita informação e pequenos detalhes, mas com este passo-a-passo vai ficar bem mais fácil de entender o processo! Então, vamos lá:

SAIBA QUANTOS DIAS VOCÊ TEM E QUANTO PODE GASTAR ($)
Com essas duas variantes definidas, você já consegue filtrar grande parte das opções, o que facilita sua vida. Se tiver poucos dias ou pouco dinheiro, vale dar um foco maior no Brasil ou América Latina. Se tiver mais do que 1 semana, já dá para pensar em outros continentes. Não que isso seja uma regra, mas baseado nisso você já direciona melhor suas escolhas. Nessa etapa também vale já pesquisar qual o custo de vida das cidades que você pretende conhecer, para saber se cabem no seu orçamento. Pesquise sobre isso no site Quanto custa viajar. O site não é 100% preciso (o preço das passagens não é muito real) mas já dá para ter uma boa noção.

DECIDA O SEU ITINERÁRIO
Antes de qualquer coisa, seja prático e racional na hora de decidir os destinos. Encaixe o itinerário dentro das sua possibilidades, não tente conhecer todos os países do mundo de uma vez só, senão no final das contas você acaba não conhecendo nenhum deles de verdade. Para começar…

Escolha a cidade principal da sua viagem
Onde é que você faz questão de ir e quer passar mais tempo? Londres? Sydney? Berlim? Sabendo qual será a sua base principal, fica mais fácil escolher os outros lugares que você pode incluir no roteiro. 

Escolha as cidades secundárias 
Que outras cidades você quer conhecer? Escolheu Londres como principal? Então tente fazer um roteiro que fique nos arredores (Reino Unido, França, Irlanda etc.). É claro que nada impede de você querer conhecer Londres e Atenas em uma mesma viagem. Mas se seu intuito é gastar menos e perder menos tempo com deslocamentos, seja sensato: para otimizar o tempo, escolha lugares próximos uns dos outros. Quando se está viajando, ficar 8 horas sem fazer nada dentro de um trem, por exemplo, é um prejuízo enorme!

Certifique-se de que existem meios de se deslocar entre essas cidades
Enquanto estiver escolhendo as possíveis cidades, certifique-se de que existem meios de se deslocar entre elas (de carro, avião, ônibus ou trem). Nessas horas o GoEuro (site de busca de passagens de trem, avião e ônibus) é super útil, principalmente para a Europa. Nele você simula rotas, descobre preços, vê quanto tempo leva cada trecho e confere se a rota que escolheu é viável. A dica é, por mais repetitiva que seja: evite fazer um roteiro onde os deslocamentos de uma cidade para outra sejam muito longos.

DECIDA QUANTOS DIAS FICAR EM CADA CIDADE
Use seus conhecimentos matemáticos. Por exemplo: se tem 20 dias, e quer ficar 8 em Londres, então sobram 12 para dividir entre outras cidades próximas (ou próximas das cidades próximas). Então agora veja o que tem nas proximidades e encaixe dentro desses dias restantes. Pode ser Paris, Liverpool, Edimburgo… 

E como saber quantos dias ficar em cada uma?
Isso depende de muitos fatores: o tamanho da cidade, o que tem para se fazer, quantos bate e volta estão programados etc. Cada um tem um perfil diferente, então pesquise em guias, sites, blogs e peça a opinião dos seus amigos, e aí veja quantos dias são suficientes pra você. Não tem certo e errado nesse caso, mas o ideal é ficar no mínimo 5 dias em cidades grandes (Roma, Paris, Londres, Sydney etc). Já as cidades menores, varia muito. Algumas delas, 2 ou 3 dias é o bastante, outras podem até ser visitadas de bate e volta de alguma outra cidade maior (por exemplo: Bruges, saindo de Bruxelas/Bélgica). Falando nisso, essa é uma dica do Ricardo Freire que seguimos religiosamente: montar bases! Permanecer em uma cidade central e fazer bate e volta para cidades menores nos arredores (desde que você leve no máximo 1h30 pra chegar, mais do que isso não compensa). Assim você não precisa ficar levando sua mala pra lá e pra cá e se poupa do trabalho repetitivo de check-in, check-out, transporte etc. Não se esqueça de contar os bate e volta como um dia adicional na cidade-base. 

FINALIZE O ROTEIRO
Agora junte todas essas informações e faça uma versão final do roteiro. Uma coisa que ajuda muito, é fazer um mapinha no My Maps do Google para visualizar as ideias que você tem na cabeça. Na verdade, dá para fazer isso já no começo e alterar conforme for mudando de ideia. Até chegar nesse ponto, você provavelmente teve que abrir mão de algum destino ou adicionou um que nem pensava em conhecer. O roteiro final nem sempre é igual a sua ideia inicial, é normal isso acontecer. O importante é chegar em um itinerário final que faça sentido, não é? 

Mas para quem ainda ficou um pouco confuso…

FALANDO SOBRE ROTEIROS NA PRÁTICA
Em 2012 fizemos um mochilão com foco em Berlim e Munique (na época da Oktoberfest), eram passagens obrigatórias! Então passamos 7 dias em Berlim e 4 em Munique, e o resto do roteiro foi decidido pela proximidade e pelo deslocamento fácil. Fizemos nesta ordem: Amsterdam > Berlim > Praga > Munique > Viena > Budapeste. Todos os deslocamentos foram feitos de trem em menos de 4 horas de viagem cada (exceto Amsterdam - Berlim que foram 6 horas). E também fizemos um bate e volta de Munique para as cidades de Füssen e Dachau.


Já em 2014, fizemos Reino Unido e Paris com foco em Londres. Passamos 8 dias em Londres, e o resto dos 14 dias restantes, dividimos entre as 4 outras cidades. Então fizemos um roteiro nessa ordem: Dublin > Edimburgo > Liverpool > Londres > Paris. Fizemos bate e volta de Edimburgo para o Lago Ness, de Londres para Stonehenge e Bath, e de Paris para Versailles. Para saber mais detalhes sobre como foi essa nossa viagem de 2014, confiram este post: Mochilão: Reino Unido e arredores



E você? Tem mais alguma dica pra compartilhar conosco? Fala com a gente pelos comentários!

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Relato de viagem: Antártica

O post de hoje é uma colaboração do nosso amigo James Vaccari, que fez uma viagem incrível para a Antártica com a Marinha do Brasil. Esperamos que gostem deste relato!

Qualquer pessoa com boa vontade e algo em torno de 8 mil dólares pode fazer um passeio até a Antártica partindo de Punta Arenas, no Chile. Qualquer pessoa também pode voluntariar-se para trabalhar na tripulação de algum navio que vá para lá. Algumas pessoas podem comprar um veleiro, aprender a navegar e ir por conta própria, como Amyr Klink. Ou pagar por um vôo para as estações que têm aeroportos. Mas o que vou contar aqui é um caminho alternativo, que depende de um monte de fatores até que isso seja possível: ir como alpinista voluntário a serviço da Marinha do Brasil. E aí você deve se perguntar: o que um alpinista, trabalhando para a marinha, faz? Escala mastro? Quase isso.

Estação Antártica Comandante Ferraz






Em resumo: O Brasil é um dos 29 países membros consultivos do Tratado Antártico. Como membro, deve zelar pela preservação da Antártica e prover pesquisas científicas relevantes. Para que essas pesquisas ocorram, foi criada há mais de 30 anos, a Estação Antártica Comandante Ferraz, que apesar de mantida pela Marinha do Brasil, não tem fins militares. A marinha é apenas o braço logístico do Brasil, com apoio da Aeronáutica. As pesquisas são realizadas por diversos grupos de universidades brasileiras, através do Ministério de Ciência e Tecnologia. São projetos relacionados a biologia, oceanografia, meteorologia, geologia, arqueologia, glaciologia, entre outros, que direta ou indiretamente tem impacto no Brasil. Outras parcerias são firmadas para que o Programa Antártico Brasileiro funcione, como a Vale fornecendo projetos de energia sustentável, a Petrobrás fornecendo combustível para a FAB e para os navios, e o Clube Alpino Paulista, prestando consultoria técnica e indicando alpinistas para o auxílio e segurança desses grupos de pesquisa e militares em terreno de neve e gelo.

Aí que eu entrei.

Por esse caminho, “basta” ter experiência de alguns anos de escalada, conhecimentos de resgate, primeiros-socorros, fazer um treinamento específico com a Marinha, passar em avaliações do Clube, da Marinha, exames médicos etc. Com todos estes fatores favoráveis, um esquema logístico é traçado, para que o alpinista auxilie um projeto de pesquisa específico, ou vários projetos na região da Estação, que fica nas ilhas Shetland do Sul, mais precisamente na Baía do Almirantado, na Ilha Rei George.




O roteiro de viagem é o seguinte: Fui de São Paulo para o Rio de Janeiro. Lá peguei um avião C-130 da FAB modificado para transporte de carga e fui até Pelotas - RS. Em Pelotas, recebi as roupas especiais e equipamentos. Eles ficam armazenados na ESANTAR Rio Grande, um espaço que a Marinha tem em convênio com a Faculdade de Rio Grande para armazenar os materiais usados no programa Antártico, tais como roupas térmicas, impermeáveis, barracas, botas etc. Todo ano, tudo é limpo e revisado. Um trabalhão.

De lá, o avião segue para Punta Arenas, no Chile, onde aguarda condições meteorológicas ideais para o pouso final no aeroporto da Estação Chilena Eduardo Frei, já na Antártica. Punta Arenas é uma cidade tranquila, plana, venta o tempo todo, tem uma zona franca que tem preços razoáveis, e se tiver um tempo, vale a pena fazer uma caminhada até Reserva Nacional Magallanes.

Depois que São Pedro liberou o voo, segui para a estação Chilena e de lá, um dos navios de apoio da Marinha nos envia um bote a motor para nos levar a bordo.



Fiquei um tempo ali na margem ajudando os mergulhadores responsáveis pelo bote (como se precisassem de ajuda), e em menos de meia hora vi os primeiros pinguins, e um pouco do que a Antártica era capaz. A maré subiu, o tempo virou e quase não deu tempo de embarcar todo mundo. Foram 3 ou 4 bate-voltas até o navio e por pouco teve gente que teve que dormir na base Chilena. Devidamente embarcados navegamos por 3 ou 4 horas até a estação brasileira. Parte dos militares e pesquisadores, vão de navio desde Punta Arenas, fazendo a emocionante travessia do Drake até a Estação, uma chacoalhante travessia de 3 dias.

O meu trabalho como alpinista lá era basicamente auxiliar os grupos de pesquisa que saíam da estação para fazer alguma coleta na região, cuidando da segurança de todos. E quando o tempo não permitia, era a vez de auxiliar nos trabalhos de manutenção da estação: limpeza, cozinha, e todo tipo de tarefa que envolve o dia a dia de uma casa com 60 pessoas.



Troquei um apetrecho no alto de uma antena de rádio. Foram horas balançando ao vento tentando soltar parafusos congelados. Pintei o mastro da bandeira (tarefa tradicional destinada a todo alpinista que vai lá). Acompanhei a operação de um ROV (veículo submarino operado remotamente) que vasculhava o fundo do mar. Caminhei à procura de ninhos de aves pelas montanhas. Apoiei o pessoal que pesquisava pinguins. Ajudei a carregar MUITAS caixas de cargas, chamadas marfinites. Ajudei a procurar algas pela costa. Visitei a base Polonesa de Arctovski, que nos abrigou quando o tempo virou. Fiz faxina de montão.



Fiquei 71 dias na Estação, e com certeza foi uma das experiências mais interessantes da minha vida. Vi milhares de pinguins, senti o cheiro deles (essa parte não é tão boa), vi focas, leões marinhos, peixes que só existem lá, aves diversas, vi pôr do sol às 23h e o nascer às 2h da manhã, paisagens incríveis, de tirar o fôlego, de congelar o fôlego...





Conheci pessoas dos mais diversos tipos, vi cientista PHD lavar banheiro, vi Comandante da Marinha lavar prato, vi o sorriso de senhores, marceneiros e pintores, que nunca tinham visto neve na vida, escalando montanhas comigo, vi jovens empenhados em estudar e tentando fazer algo por um Brasil melhor. Todos iguais, sob as mesmas condições difíceis, isolados de suas famílias, de seus amigos, mas vivendo como uma família, com respeito, igualdade e união.

Infelizmente voltei de lá um mês antes do incêndio que destruiu a Estação e vitimou dois militares, dois amigos. Mas voltei com a certeza de que, se depender dos brasileiros que trabalham nesse Programa, a Antártica estará em boas mãos por mais uns anos, para que nossos descendentes possam conhecer.




FAQ

1. Faz muito frio?
R: Sim. Pode fazer muito frio... Mas no verão antártico, entre outubro e abril, que é quando as pesquisas acontecem, as temperaturas ficam em torno de -4 e 10C. Já no inverno, quando só os militares que fazem a manutenção da Estação ficam lá, pode chegar a -20C. Aí sim é frio! E se estiver ventando, a sensação térmica pode ser de -40C, -60C.

2. Me traz um pinguim?
R: Não! Primeiro que ele automaticamente deixa de ser fofinho quando você sente o cheiro de peixe dele. Segundo que existem uma série de normas e licenças para se poder pegar um pinguim, ou qualquer animal lá. Existem áreas que você nem pode ir sem licença. O Ministério do Meio Ambiente fiscaliza, os militares fiscalizam, os cientistas fiscalizam, qualquer outra pessoa de qualquer outro país do Tratado fiscaliza e pode denunciar um crime ambiental. E se isso ocorre, o país é que tem que responder perante a comunidade internacional. Você não imagina o tamanho da treta. Tudo é feito pra preservar o meio ambiente.

3. Eu não sou alpinista, nem militar, nem pesquisador, como faço pra ir?
R: Existem companhias de turismo que promovem cruzeiros pra lá, saindo de Punta Arenas, Ushuaia. Mas é importante você saber que NADA garante que você vá pisar em solo Antártico. O clima muda muito depressa e é possível que o comandante do navio dê meia volta, não importa quanto dinheiro você tenha. Ali, a segurança tem que vir em primeiro lugar, bem como a segurança de tudo que tem lá. Se você for, não toque nos animais, não dê comida, não pise onde não puder pisar, não faça barulho, não fume, não tire selfie com a foca-leopardo (ela pode morder seu celular, sua mão, seu braço...)

4. Tem urso polar? Tem pirâmides escondidas? Tem vestígio de E.T.?
R: Urso polar não. Outras coisas, eu não vi...


James Vaccari é diretor de arte e designer enquanto não viaja. Quando está viajando se mete a fotografar o que vê e a desenhar uma coisa ou outra. Prefere viajar pra onde as pessoas normais se preocupariam com banho e banheiro, e gosta de andar muito. Também é instrutor de montanhismo e escalada.


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